sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Chico-Kardec: A Problemática da Comprovação - Chico-Kardec: The Problem of Proof



Chico-Kardec: A Problemática da Comprovação


Em meados de 2003, circulou pela imprensa espírita um longo e bem elaborado texto de uma companheira nossa de Doutrina, afirmando categoricamente, desde o título, que Chico Xavier não é a reencarnação de Allan Kardec.

Seus argumentos foram de grande utilidade para que pudéssemos refletir com maior argúcia sobre tão delicada questão. Entretanto, achamo-nos no dever de contrapor alguns itens expostos por ela, para servir igualmente de reflexão ao público estudioso do Espiritismo. Isto vem de encontro, inclusive, da sensata observação da autora de que o debate franco e aberto é indispensável elemento de progresso.

É preciso que fique claro, antes de mais nada, que nosso objetivo aqui não é defender uma tese a favor ou contra, mas apenas ir um tanto mais a fundo na prudência ao pretender dar o veredito final sobre este ou qualquer outro tema.

Sem dúvida, muito temos a retificar dentro do Movimento Espírita, pelo descuido de uma longa série de companheiros da imprensa falada e escrita no que se refere à divulgação de opiniões pessoais, sem base nos critérios racionais fundamentados pelo próprio Codificador.

Escritores e oradores há com imensa dificuldade em declarar, humildemente, que não sabem determinado ponto de uma questão mais melindrosa, isto é, que necessitam de mais tempo de pesquisa e reflexão para informar o que diz a Doutrina a respeito. Por esse deslize decisivo, arrastam consigo todos os seus leitores/ouvintes menos estudados, atrasando ainda mais, nestas almas, a assimilação de uma ciência que, como diz Kardec, exige tempo, e muito tempo, de estudo.

De outra forma, tudo seria aliviado se houvesse o aviso prévio de que certas observações se restringem às suas opiniões pessoais, confirmadas ou não por apontamentos de terceiros, e de que todo o material deve servir às reflexões íntimas de cada um - nada além.

Analisemos, então, o que diz nossa companheira:

"Chico ser a reencarnação de Kardec é um absurdo sem fundamento".
Que existem aspectos menos prováveis da tese a favor, não há dúvida, mas precisamos reconhecer que também há não poucos elementos que formam um quadro coerente de probabilidades. "Absurdo" é uma palavra tão desproporcional que só faz lesar a sensatez demonstrada pela autora.

Não cabe aqui descrever este quadro de probabilidades - nem haveria espaço - porquanto o estudioso sério que realmente se interesse pelo tema encontrará livros, artigos, matérias, entrevistas, enfim, farto material de pesquisa, tanto a favor quanto contra.

"O estudo dos casos de reencarnação deve ser fruto de pesquisa".
Certíssimo. Sabe-se quão difícil é reunir todos os elementos necessários à pesquisa e comprovação dos casos de reencarnação, seja na coleta de documentos confiáveis, seja na confirmação de acontecimentos análogos distantes no tempo, ou na comparação minuciosa de fatores biológicos, psicológicos, etc., etc. Portanto, nem todas os casos podem ser pesquisados com segurança.

Mas: o caso Chico-Kardec não passou por esta pesquisa completa. Como, então, podemos assegurar, sem sombra de dúvida, que não são o mesmo espírito? O critério é um só. Se não há bom-senso em afirmar, com ares de irrefutabilidade, que Allan Kardec certamente reencarnou como Chico Xavier, também não há em afirmar definitivamente que não.

"Kardec era corajoso, seguro, austero, intelectual; Chico era doce, feminino, amoroso, fraco".
Não podemos descrever a personalidade de Kardec como se houvéssemos convivido pessoalmente com ele ou, mais que isso, como se pudéssemos vasculhar a intimidade de sua alma sem chance de errar na apreciação de uma série de detalhes.

As qualidades do grande missionário lionês são, de fato, as apontadas por ela, indiscutivelmente; entretanto... quem, senão Deus, conhecerá a alma de cada um em seus momentos de fraqueza? Quem pode ter certeza de que, em nenhum instante, Kardec tenha sentido alguma espécie de receio perante as provas? Quem saberá todos os pormenores, os infindáveis filamentos, os meandros dos caracteres de cada individualidade, tanto na inteligência, quanto no sentimento? Talvez houvesse nele aspectos desconhecidos por nós, salientados depois na vivência como Chico Xavier.

E Chico Xavier pode ter tido inúmeros defeitos (como de fato os teve, por também estar distante da perfeição dos espíritos puros), menos a fraqueza como um de seus traços principais.

Qualquer um que estude sua vida perderá o fôlego ao tomar noção da intensidade de seu trabalho, da largueza de seu desprendimento, da fibra tura de sua perseverança, da coragem em manter seus posicionamentos, e jamais um espírito fraco realizaria, do começo ao fim, o que ele realizou.

A fortaleza de seu espírito atravessou as mais austeras disciplinas físicas e morais com humildade autêntica, homogênea, ainda que sob o peso de provações cruéis.

Confundir doçura com fraqueza é o mesmo que tomar a humildade por subserviência ou a dignidade por orgulho, quando não é o caso.

Por outro lado, devido a miserabilidade de nossa evolução moral, temos a tendência a não enxergar a petulância misturada à possível "firmeza" de alguns espíritos, ou a vaidade por baixo do verniz intelectual. Não em Kardec, é notório, mas de uma maneira geral, e principalmente em nós mesmos.

O campo para a reforma íntima é muito mais vasto do que chegamos a visualizar.

É possível que Kardec, mais cedo do que tantos de nós, tenha se conscientizado daquilo que ainda precisava burilar em si mesmo, e tenha reencarnado como Chico a fim de, ao mesmo tempo, dar prosseguimento à obra de difusão do Espiritismo e avançar em valores morais mais profundos e sutis, que até então não houvesse desenvolvido.

Dir-se-á: mas mudou tão rápido, de uma encarnação para outra?
Paulo de Tarso transformou-se radicalmente numa mesma vida, ainda antes, portanto, de partir para o intervalo no plano espiritual. Maria de Magdala (Maria Madalena) sobrepujou a própria personalidade enfermiça e tornou-se outra, deveras melhor, também na mesma encarnação. Muitos exemplos de personalidades históricas poderiam ser citados, sem falar das anônimas.

Quem pode demarcar o esforço e a consciência de cada um?

"Chico é um espírito em processo de resgate e regeneração, ainda tendo necessidade do freio curto de Emmanuel".
Mas Kardec também não era um espírito em regeneração? Se fosse perfeito, se nada tivesse a resgatar do passado, não estaria mais encarnado. Respeito e admiração devemos tanto a Allan Kardec quanto a Chico Xavier, com o cuidado de não prestar idolatria por nenhum lado, ou a quem quer que seja.

As admoestações de Emmanuel, guia espiritual de Chico, serviam como alerta constante para que o médium conquistasse e mantivesse tantas qualidades que no passado, talvez como Kardec, deixara escapar.

A nobre autora ainda cita o fato de Chico ter gritado de medo durante um voo quando a aeronave ameaçava cair, e que Kardec, numa encarnação anterior como Jan Huss, morrera cantando na fogueira.

Esqueceu-se que Chico, ao ser abordado certa vez por um indivíduo armado que confessou estar ali para matá-lo, olhou-o serenamente e lhe disse: "Meu filho, Deus é que sabe", tamanha a confiança que tinha na justiça das leis divinas.

Em outro episódio, demonstrou a mesma coragem quando, em visita a uma penitenciária, ignorou a advertência do diretor, que temia que os presos o assassinassem.

 Decidido a praticar a caridade sem se importar com as circunstâncias, declarou, a respeito de sua própria morte: "Pouco importa". E foi em frente.

"O estilo de Kardec era pedagógico, cristalino; o de Chico, literário e poético".
Não estudamos o suficiente a vasta bibliografia de Francisco Cândido Xavier.

Sem dúvida, os espíritos exploraram muito sua bagagem literária de outras vidas, especialmente a poética. A diversidade e precisão admirável de estilos foi louvada por críticos especializados e bom número de escritores de renome, não-espíritas.

Contudo, o médium psicografou não "apenas" quase todos os gêneros literários (contos, crônicas, cartas, poesias, dissertações, romances, infantis, etc.), mas também riquíssimas obras de conteúdo filosófico e científico - muitas delas de difícil assimilação até mesmo pelos estudiosos mais preparados, não obstante a clareza argumentativa.

Série André Luiz, publicada a partir dos anos de 40, está tão à frente de seu tempo que precisaremos ainda de muitas décadas para desdobrar todo seu conteúdo. Nela talvez não identifiquemos exatamente o estilo pedagógico de Rivail/Kardec, porém é mais do que evidente que ela significa a progressividade da Doutrina Espírita, prevista pelos Espíritos e pelo Codificador.

A mente brilhante do educador francês, seu poder de análise, síntese e exposição, podem sim ser entrevisto na mente de Chico Xavier, seja na própria expressão de sua psicografia, seja no equilíbrio e domínio retórico em suas palestras e entrevistas, seja na fidelidade aos princípios da própria obra de Kardec.

Além disso, as diferenças no trabalho de um e de outro não são garantia absoluta de que eles não sejam encarnações diferentes de um mesmo espírito.

Vejamos o que dizem os autores espirituais de O Livro dos Espíritos, na resposta à questão 218a:
"Os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem. O Espírito, liberto da matéria, sempre os conserva. Durante a encarnação, pode esquecê-los em parte, momentaneamente, mas a intuição que conserva deles o ajuda em seu adiantamento. Sem isso, teria sempre que recomeçar. A cada nova existência, o Espírito parte de onde estava na existência anterior."

Kardec pergunta, na questão seguinte (218 b): "Pode, então, haver um grande vínculo entre duas existências sucessivas?"

A resposta: "Nem sempre tão grande quanto podeis supor, porque as posições são freqüentemente muito diferentes e, no intervalo delas, o Espírito pode ter progredido." (grifo nosso)

Analisemos bem esta resposta e vejamos se é, de fato, um "absurdo" o reencarne Kardec-Chico.

Kardec viveu na Europa, pôde receber educação esmerada desde a mais tenra idade; frequentou o meio acadêmico; conviveu numa cultura menos emotiva e mais cerebral. Chico renasceu no interior do Brasil; enfrentou trabalho rústico desde pequeno; não foi além da quarta série do primário; relacionou-se com um povo fraterno e sentimental. São posições muito diferentes e, em ambos os casos, alguma influência o meio exerceu, já que ninguém está livre disso.

Repito que não estou defendendo a tese nem a favor nem contra, mas apenas demonstrando que há mais elementos para serem considerados do que presumimos.

Observemos ainda a questão 220. Kardec pergunta: "Ao mudar de corpo, podem-se perder alguns talentos intelectuais, não mais ter, por exemplo, o gosto pelas artes?"

Resposta: "Sim, se desonrou esse talento ou se fez dele um mau uso. Uma capacidade intelectual pode, além do mais, permanecer adormecida numa existência, porque o Espírito veio para exercitar uma outra que não tem relação com ela. Então, qualquer talento pode permanecer em estado latente para ressurgir mais tarde." (grifo nosso)

A missão de Allan Kardec foi colocar todo seu tesouro intelectual na pesquisa e organização da Doutrina Espírita. A missão de Chico Xavier foi doar por completo seu talento mediúnico ao aprofundamento e à difusão da Doutrina Espírita.

Kardec triunfou no bom uso da inteligência, mas talvez não conheceu tudo a respeito de humildade e amor.

Se reencarnou como Chico, entretanto, teve ocasião de exercê-los mais do que nunca, e também venceu.

Ambos são conhecidos por suas marcas características, mas tanto podem ser dois espíritos distintos, como o mesmo espírito, em fases marcantes diferentes.

"Abandonamos os critérios de racionalidade e objetividade de Kardec; valorizamos a linguagem melíflua e piegas de Chico, vendo o Espiritismo mais como religião".

Os critérios de racionalidade e objetividade do Codificador advertem justamente, no presente caso, que não podemos considerar o nosso julgamento infalível sem as condições adequadas de pesquisa - e até que tenhamos estatura evolutiva suficiente para assimilar determinados dados.

É verdade que uma ala extensa de adeptos do Espiritismo não se dedica ao estudo de suas bases fundamentais nem dez por cento do que deveria (e este é um dos mais sérios problemas do Movimento), preferindo gastar o precioso tempo somente na leitura de romances ou novidades do nosso mercado editorial.

Mas Deus não limitaria o acesso ao conhecimento a apenas um duto. Aos que ainda não estejam preparados para penetração em textos mais densos, existem os contos, as poesias, os livros de frases, etc.

A luz do discernimento pode brilhar na alma de cada um a qualquer instante, por diversos caminhos.

Considerar "piegas" a linguagem esplêndida, sublime e altamente esclarecedora (mais do que apenas consoladora) das obras de Chico Xavier é uma simples questão de opinião, de sensibilidade, de degustação, assim como alguns não leem Allan Kardec por reputá-lo "muito difícil", não obstante a clareza impecável de seus textos.

E agora, um aparte.

A melindrosa discussão sobre o aspecto religioso do Espiritismo não seria de se prolongar e emaranhar tanto, já que Kardec foi suficientemente objetivo ao defini-lo no discurso O Espiritismo é Uma Religião?, na Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, em 1º de novembro de 1868 (inserido na Revista Espírita, Ano XI, Volume 12, dezembro de 1868):

"[...] Perguntarão: então o Espiritismo é uma religião? Ora, sim, sem duvida, senhores. No sentido filosófico, o Espiritismo é uma religião, e nós nos glorificamos por isto, porque é a doutrina que funda os elos da fraternidade e da comunhão de pensamentos, não sobre uma simples convenção, mas sobre bases mais sólidas: as mesmas leis da natureza.

"Por que, então, declaramos que o Espiritismo não é uma religião? Porque não há uma palavra para exprimir duas idéias diferentes, e porque, na opinião geral, a palavra religião é inseparável da de culto; desperta exclusivamente uma ideia de forma, que o Espiritismo não tem. Se o Espiritismo se dissesse uma religião, o público não veria aí senão uma nova edição, uma variante, se se quiser, dos princípios absolutos em matéria de fé; uma casta sacerdotal com seu cortejo de hierarquias, de cerimônias e de privilégios; não o separaria das idéias de misticismo e dos abusos contra os quais tantas vezes se levantou a opinião pública.

"Não tendo o Espiritismo nenhum dos caracteres de uma religião, na acepção usual do vocábulo, não podia nem devia enfeitar-se com um titulo sobre cujo valor inevitavelmente se teria equivocado. Eis porque simplesmente se diz: doutrina filosófica e moral." (recomendamos a leitura integral).

Saber se Chico Xavier foi ou não a reencarnação de Allan Kardec é preocupação secundária.

O fundamental é absorver o magnífico exemplo de conduta de Chico e a riqueza essencial de suas obras; o cristalino modelo de bom-senso de Kardec e a unidade formidável de suas obras.

Não podemos, todavia, desprezar este assunto ou outros que possam colaborar para o exercício de nosso raciocínio em busca da verdade. Isto é importante perceber. Com alegria e disciplina, dedicamo-nos ao estudo do Espiritismo para o desenvolvimento de nossa inteligência como individualidades espirituais e para, com isso, podermos servir melhor os nossos semelhantes.

O problema surge quando nos escapa a noção de equilíbrio. Se não tomamos cuidado, desperdiçamos tempo com questiúnculas polêmicas, empedramos o nosso coração e atrofiamos o amor caritativo, ainda nascente em nossas almas pouco evolvidas.

Por esta razão, não devemos nunca perder a admiração, sem fanatismo, por Allan Kardec, já que precisamos muito, mas muito ainda atentar para seu legado.

Igualmente, não devemos jamais perder a admiração, sem idolatria, por Chico Xavier, já que estamos muito, mas muito longe de agir com sua grandeza.

Fernando Peron é ator, dublador, locutor e radialista; produtor e apresentador do programa Ponte Para A Luz (interpretação de mensagens de Chico Xavier) na Rádio Boa Nova AM 1450 Khz, Guarulhos, SP; estudioso do Espiritismo há mais de 15 anos; trabalhador e Diretor de Relações Externas do Núcleo Espírita Assistencial Paz e Amor (Cambuci, São Paulo, SP). 

Fonte: Portal do Espírito

Tradução para a língua Inglesa: Luiz Carlos Costa (Mantedor do Blog Amor Fraternal)






Chico-Kardec: The Problem of Proof


In mid-2003, circulated by the spiritualist press a long and well-written text of a companion of our Doctrine, stating categorically, from the title, that Chico Xavier is not the reincarnation of Allan Kardec.

His arguments were very useful for us to reflect more subtlety about as delicate issue. However, we find ourselves on duty to counter some items exposed by it, to also serve as a reflection to the student audience of Spiritualism. This comes against even the sensible observation of the author that the frank and open discussion is essential element of progress.

It must be clear, first of all, that our goal here is not to defend a thesis for or against, but just go a little deeper into the wisdom to want to give the final verdict on this or any other topic.

No doubt we have much to rectify within the Spirit Movement, the carelessness of a long series of companions of print and broadcast media regarding the disclosure of personal opinions, not based on rational criteria justified by the encoder itself.

Writers and speakers there with immense difficulty in declaring humbly that do not know a point in a more sensitive issue, that is, they need more time for research and reflection to inform what does the Doctrine about. For this slide decisive, bring with them all their readers / listeners less studied, further delaying, these souls, the assimilation of a science that, as Kardec, takes time, and a long time of study.

Otherwise, everything would be relieved if there was notice that certain observations are restricted to their views, confirmed or not by third-party notes, and all the material should serve the intimate reflections of each - nothing.

Let us consider, then, what says our companion:

"Chico Kardec be the reincarnation is absurd baseless".
There are less likely aspects of the thesis in favor, no doubt, but we must recognize that there are not a few elements that make up a coherent framework of probabilities. "Absurd" is a word so disproportionate that only does damage the wisdom displayed by the author.

Not the place to describe this probability table - there would be no space - because the serious student who really interested in the subject will find books, articles, news, interviews, finally fed up with research material, both for and against.

"The study of cases of reincarnation must be the result of research."
Quite right. We know how difficult it is to gather all the information needed to research and proof of reincarnation cases, is in the collection of reliable documents, is the confirmation of distant analogous events in time, or in detailed comparison of biological, psychological factors, etc., etc. Therefore, not all cases can be searched safely.

But: the Chico-Kardec case has not gone through this thorough research. How then can we ensure, without a doubt, they are not the same spirit? The criterion is one. If there is no common sense to say, with an air of cogency, that Allan Kardec certainly reincarnated as Chico Xavier, also there in definitely he is not.

"Kardec was brave, confident, austere, intellectual, Chico was sweet, feminine, loving, weak."
We can not describe the Kardec's personality as if we had personally lived with him or, more than that, as if we could scour the intimacy of your soul without chance of error in the assessment of a number of details.

The qualities of the great missionary Lyonnais are, in fact, pointed out by her, undoubtedly; however ... who but God, know the soul of each in your moments of weakness? Who can be sure that, at no time, Kardec has felt some kind of fear before the evidence? Who knows all the details, the endless filaments, the intricacies of the characters of each individual, both in intelligence, as in feeling? Perhaps there was in him unknowns for us, highlighted after the experience as Chico Xavier.

And Chico Xavier may have had numerous defects (as indeed was the by far also be the perfection of pure spirits), less weakness as one of its main features.

Anyone who studies his life will lose the impetus to take the notion of the intensity of their work, the breadth of its release, the ture of their perseverance fiber, courage to keep their positions, and never accomplish a weak spirit, from beginning to end, what he has done.

The strength of his spirit went through the most austere physical and moral disciplines with authentic, homogeneous humility, even under the weight of cruel trials.

Confusing sweetness with weakness is the same as taking humility by subservience or dignity of pride when it is not the case.

Furthermore, because the misery of our moral evolution, we tend to not see the arrogance mixed with possible "firmness" of some spirits, or vanity under the intellectual veneer. Not in Kardec, it is clear, but in general, and especially in ourselves.

The field for the inner reform is much larger than we are viewing.

It is possible that Kardec sooner than many of us have become aware of what still needed to hone in yourself, and get reincarnated as Chico to at the same time, to continue the work of Spiritualism diffusion and advance values most profound and subtle moral, which until then had not developed.

Will be said: but changed so fast, from one incarnation to another?
Paul of Tarsus changed radically in the same life, even before, so I left for the interval on the spiritual plane. Mary of Magdala (Mary Magdalene) overcame own sickly personality and became another, truly better, also in the same incarnation. Many examples of historical figures could be cited, not to mention anonymous.

Who can mark the effort and awareness of each?

"Chico is a spirit in rescue and regeneration, and has need of short brake Emmanuel".
But Kardec also was not a spirit in regeneration? If it was perfect, it had nothing to redeem the past, was no longer red. Respect and admiration we both Allan Kardec as Chico Xavier, with care not to provide idolatry by any side, or anyone else.

The Emmanuel warnings, spiritual guide of Chico, served as a constant warning to the medium conquered and kept so many qualities in the past, perhaps as Kardec, let slip.

The noble author also cites the fact Chico have screamed with fear during a flight when the aircraft threatened to fall, and that Kardec, in a previous incarnation as Jan Huss, died singing at the stake.

Forgot Chico, when once approached by an armed individual who confessed to being there to kill him, looked at him calmly and said, "My son, God knows," such confidence he had in the justice divine laws.

In another episode, showed the same courage when visiting a prison, ignored the warning of the director, who feared that the prisoners murdered.

  Determined to practice charity no matter the circumstances, he said, about his own death: "Never mind." And it was on.

"The Kardec style was teaching, crystalline, the Chico, literary and poetic."
We do not study enough the vast bibliography of Francisco Cândido Xavier.

No doubt the spirits explored much his literary baggage of other lives, especially the poetic. The diversity and admirable precision styles was praised by specialized critics and good number of renowned writers, non-spiritualists.

However, the medium psychographed not "just" almost all literary genres (stories, essays, letters, poems, essays, novels, children, etc.), but also very rich works of philosophical and scientific content - many of them difficult to assimilate even more prepared by experts, despite the argument clarity.

André Luiz series, published from the years 40, is so far ahead of their time will still need many decades to unfold all its contents. It may not identify exactly pedagogical style Rivail / Kardec, but it is more than obvious that it means the progressivity of Spiritism, provided by the spirits and the encoder.

The brilliant mind of the French educator, his power of analysis, synthesis and exposure, but can be glimpsed in the mind of Chico Xavier, is the very expression of their psychographics, is in balance and rhetorical field in his lectures and interviews, either in fidelity to principles of own work of Kardec.

In addition, differences in work one and the other are not absolute assurance that they are not different incarnations of the same spirit.

Let us listen to the spiritual authors of The Book of Spirits, in answer to the question 218a:
"The knowledge acquired in each existence is not lost. The Spirit, freed from matter, always preserves. During the incarnation, can forget them in part momentarily, but intuition that saves them the help on your progress. Without that, would have to restart every time. With each new existence, the Spirit part of which was in the previous existence. "

Kardec asks the next question (218 b): "It may then be a great bond between two successive existences?"

The answer: "Not always as big as you can guess, because the positions are often very different and, in between them, the Spirit may have progressed." (emphasis added)

And analyze this response and see if it is in fact an "absurd" the reincarnate Kardec-Chico.

Kardec lived in Europe, could receive good education from an early age; attended academia; lived in a less emotive and more cerebral culture. Chico was reborn in the interior of Brazil; faced rustic work from an early age; was not beyond the fourth grade of primary school; was related to a fraternal and sentimental people. They are very different positions and, in both cases, any influence exerted the middle, since no one is free of it.

I repeat that I am not defending the thesis either for or against, but just showing that there are more elements to consider than assumed.

Still observe the issue 220. Kardec asks: "When changing body may be lost some intellectual talent, no longer have, for example, the taste for the arts?"

Answer: "Yes, if dishonored this talent or made it a misuse An intellectual capacity can, moreover, remain dormant in existence, because the Spirit came to exercise another that has nothing to do with it So any talent.. can remain dormant to resurface later. "(emphasis added)

The mission of Allan Kardec was putting all his intellectual treasure in the research and organization of the Spiritist Doctrine. The mission of Chico Xavier was completely donate your psychic talent to deepening and dissemination of the Spiritist Doctrine.

Kardec triumphed in the good use of intelligence, but maybe did not know all about humility and love.

If reincarnated as Chico, however, had occasion to exercise them more than ever, and also won.

Both are known for their hallmarks, but both can be two different spirits, as the same spirit, in different phases striking.

"We left the criteria of rationality and objectivity of Kardec; value the mellifluous language and mushy Chico, seeing Spiritualism more like religion."

The criteria of rationality and objectivity Encoder just warn in this case, we can not consider our infallible judgment without adequate research conditions - and until we have enough evolutionary stature to assimilate certain data.

It is true that a large wing of Spiritualism fans not dedicated to the study of its fundamental bases or ten percent of what should (and this is one of the most serious problems Movement), preferring to spend precious time only reading novels or news from our editorial market.

But God does not limit the access to knowledge just a pipeline. To those who are not yet prepared to penetrate denser texts, there are the stories, the poems, the books of phrases, etc.

The light of discernment can shine in the soul of each at any time, by different paths.

Consider "mushy" the splendid, sublime and highly clarifying language (more than just comforting) the works of Chico Xavier is a simple matter of opinion, feeling, tasting, and some do not read by Allan Kardec considers it "very difficult ", despite the flawless clarity of their texts.

And now, an aside.

The flapper discussion on the religious aspect of Spiritualism would not be extended and entangled both, as Kardec was sufficiently objective to define it in speech Spiritualism is a Religion ?, the Parisian Society of Spiritist Studies, on November 1, 1868 (inserted in the Spiritist Magazine, Year XI, Volume 12, December 1868):

"[...] Will ask: so Spiritualism is a religion Why, yes, no doubt, gentlemen In the philosophical sense, Spiritualism is a religion, and we glorify by this because it is the doctrine that establishes the links of?. brotherhood and communion of thoughts, not about a simple convention, but on more solid foundations: the same laws of nature.

"Why, then, declare that Spiritualism is not a religion because there is no word to express two different ideas, and because in general opinion, the word religion is inseparable from the cult;? Only arouses a sense of form, which Spiritualism has not If Spiritualism is a religion said, the public would not see in it but a new edition, a variant, if you will, of absolute principles of faith;. a priestly caste with its procession of hierarchies, ceremonies and privileges, not the part with the mysticism of ideas and abuses which often rose to public opinion.

"Not having Spiritualism any of the characters of a religion, in the usual sense of the word, could not and should adorn themselves with a title about whose value would have inevitably wrong is why simply says:.. Philosophical and moral doctrine" (we recommend the full reading).

Chico Xavier was whether or not the reincarnation of Allan Kardec is secondary concern.

The key is to absorb the magnificent example of conduct of Chico and the essential richness of his works; the crystalline model of good sense to Kardec and the formidable unity of his works.

We can not, however, despise this topic or others who may contribute to the exercise of our reasoning in search of truth. This is important to realize. With joy and discipline, we are dedicated to the study of Spiritualism for the development of our intelligence and spiritual legend and, with that, we can better serve our fellow men.

The problem arises when it escapes in the notion of balance. If we do not take care, we waste time with controversial wrangling, empedramos our heart and atrophy charitable love, still nascent in our souls some facilities involved.

For this reason, we must never lose the wonder, without fanaticism, by Allan Kardec, as we need much, much still pay attention to his legacy.

Also, we must never lose the wonder, without idolatry, by Chico Xavier, since we are very, very far from acting with his greatness.

Fernando Peron is an actor, voice actor, speaker and broadcaster; producer and host of the Bridge Program To The Light (interpretation of Chico Xavier messages) on Radio AM 1450 Khz Good News, Guarulhos, SP; Spiritualism scholar for over 15 years; worker and Director of External Relations of the Spiritist Center Assistance Peace and Love (Cambuci, São Paulo, SP).

Source: Ghost Portal

Translation of the English language: Luiz Carlos Costa (Maintainer Blog Brotherly Love)

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