sexta-feira, 1 de agosto de 2014

A Possessão, Segundo Kardec - The Possession, According to Kardec


A Possessão,  Segundo Kardec


“Importa que cada coisa venha a seu tempo. A verdade é como a luz;
o homem precisa habituar-se a ela pouco a pouco, do contrário fica deslumbrado.
(Allan Kardec)

Há possessos ? Existe a possibilidade de dois Espíritos coabitarem num mesmo corpo ?
O mergulho cronológico nas obras da Doutrina Espírita, nos leva ao seu berço, “O Livro dos Espíritos”: (1)

1857
Perg.473–Pode um Espírito tomar temporariamente o invólucro corporal de uma pessoa viva, isto é introduzir-se num corpo animado e obrar em lugar do outro que se acha encarnado nesse corpo ?

O Espírito não entra em um corpo como entrais numa casa. Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência material.

Kardec, retira suas conclusões, prepara e formula a pergunta seguinte, e os Espíritos respondem: (1)

Perg. 474_ Desde que não há possessão propriamente dita, isto é coabitação de dois Espíritos no mesmo corpo, pode a alma ficar na dependência de outro Espírito, de modo a se achar subjugada ou obsidiada ao ponto de sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada ?

Sem dúvida e são esses os verdadeiros possessos. Mas é preciso saibais que essa denominação não se efetua nunca sem que aquele que sofre o consinta, que por sua fraqueza, quer por deseja-la. Muitos epilépticos ou loucos, que mais necessitam de médico que de exorcismos, têm sido tomados por possessos.

Os Espíritos aí, fazem uma nítida distinção entre os verdadeiros e os falsos possessos.

Os verdadeiros são os subjugados até ao ponto de sua vontade vir a achar-se, de certa maneira, paralisada; os falsos são os que não correspondem aos casos de obsessão, necessitando tratamento médico.

Comenta ainda Kardec, após a resposta dos Espíritos:

O termo possesso só se deve admitir como exprimindo a dependência absoluta em que uma alma pode achar-se a Espíritos imperfeitos que a subjuguem.

1858

Se havia alguma dúvida sobre a opinião do Codificador até aquele momento, ele a desfaz no texto da Revista Espírita, por ele dirigida: (2)

Antigamente dava-se o nome de possessão ao império exercido pelos maus Espíritos, quando sua influência ia até a aberração das faculdades. Mas a ignorância e os preconceitos, muitas vezes, tomaram como possessão, aquilo que não passava de um estado patológico. Para nós, a possessão seria sinônimo de subjugação. Não adotamos esse termo (...) porque ele implica igualmente a idéia de tomada de posse do corpo pelo Espírito estranho, uma espécie de coabitação ao passo que existe apenas uma ligação. O vocábulo subjugação da uma idéia perfeita. Assim, para nós, não há possessos, no sentido vulgar da palavra; há simplesmente obsedados, subjugados e fascinados.

Fica bastante claro que, para ele, até aqui, não existia possessão.

1861

O texto acima é parecido com o exarado no “O Livro dos Médiuns” (3), com uma diferença significativa no parágrafo, qual seja, a troca da palavra “ligação”, por “constrangimento”.

1862

Momentaneamente, temos a impressão de que estariam respondidas, as indagações formuladas na inicial, mas, apesar dessas considerações, o termo possessão reaparece na Revista Espírita: (4)

Ninguém ignora que quando o Cristo, nosso muito amado mestre, encarnou-se na Judéia, sob os traços do carpinteiro Jesus, aquela região havia sido invadida por legiões de maus Espíritos que, pela possessão, como hoje, se apoderavam das classes sociais mais ignorantes, dos Espíritos encarnados mais fracos e menos adiantados (...) é preciso lembrar que os cientistas, os médicos do século de Augusto, trataram, conforme os processos hipocráticos, os infelizes possessos da Palestina e que toda sua ciência esbarrou ante esse poder desconhecido. (Erasto)

Na mesma revista e no mesmo ano, (5) Kardec, nos “Estudos sobre os Possessos de Morzine”, acrescenta a seguinte consideração:

O paroxismo da subjugação é geralmente chamado de possessão.

1863

A retomada do termo, tinha uma razão, e Kardec é bem incisivo na sua opinião na Revista Espírita, sobre os mesmos Possessos de Morzine, que certamente o impressionaram e influíram na mudança de sua conceituação sobre possessão, e valeram doze citações no índice remissivo da Revista Espírita ( 1862, 63, 64, 65 e 68), além de outros estudos, na mesma revista, como, por exemplo, quando analisa “Um Caso de Possessão”. (6) (7) Senão vejamos:

Temos dito que não havia possessos, no sentido vulgar do vocábulo, mas subjugados. Voltamos a esta asserção absoluta, porque agora nos é demostrado, que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, posto que parcial, de um Espírito errante a um encarnado.(...) Não vendo senão o efeito, e não remontando à causa, eis porque todos os obsedados, subjugados e possessos passam por loucos (...). Eis um primeiro fato, que o prova, e apresenta o fenômeno em toda a sua simplicidade.(...)

(O Sr. Charles) Declarou que, querendo conversar com seu velho amigo, aproveitava o momento em que o Espírito da Sra. A..., a sonâmbula, estava afastado do corpo, para tomar-lhe o lugar. (....). Eis algumas de suas respostas.

- Já que tomastes posse do corpo da Sra.A... poderieis nele ficar ?

- Não; mas vontade não me falta.

-Por que não podeis ?

-Porque seu Espírito está sempre ligado ao seu corpo. Ah! Se eu pudesse romper esse laço eu pregaria uma peça.

- Que faz durante este tempo o Espírito da Sra. A....

- Está aqui ao meu lado; olha-me e ri, vendo-me em suas vestes.

O Sr. Charles(...) era pouco adiantado como Espírito, mas naturalmente bom e benevolente. Apoderando-se do corpo da Sra. A... não tinha qualquer intenção má; assim aquela Sra. nada sofria com a situação, a que se prestava de boa vontade.

Aqui a possessão é evidente e ressalta ainda melhor dos detalhes, que seria longo enumerar. Mas é uma possessão inocente e sem inconvenientes.

Na mesma página, no entanto, Kardec descreve um caso de possessão da Sra. Júlia, agora dirigida por um Espírito malévolo e mal intencionado.

Há cerca de seis meses tornou-se presa de crises de um caráter estranho, que sempre corriam no estado sonambúlico, que, de certo modo, se tornara seu estado normal. Torcia-se, rolava pelo chão, como se se debatesse, em luta com alguém que a quisesse estrangular e, com efeito, apresentava todos os sintomas de estrangulamento.

Acabava vencendo esse ser fantástico, tomava-o pelos cabelos, derrubava-o a supapos, com injúrias e imprecacões, apostrofando-o incessantemente com o nome de Fredegunda, infame regente, rainha impúdica, criatura vil e manchada por todos os crimes, etc. 

Pisoteava como se acalcasse aos pés com raiva, arrancando-lhe as vestes. Coisa bizarra, tomando-se ela própria por Fredegunda, dando em si própria redobrados golpes nos braços, no peito, no rosto, dizendo: “Toma! Toma! É bastante,  infame Fredegunda? Queres me sufocar, mas não o conseguirás; queres meter-se em minha caixa, mas eu te expulsarei.” Minha caixa era o termo que se servia para designar o próprio corpo.(...)

Um dia para livrar-se de sua adversária, tomou de uma faca e vibrou contra si mesma, mas foi socorrida a tempo de evitar-se um acidente.

Vemos aí, a luta de dois Espíritos pelo mesmo corpo.

Este Espírito, Fredegunda, foi posteriormente evocado em sessões mediúnicas e convertido ao bem. (8)

Mas, voltando aos Possessos de Morzine, (9) diz Kardec referindo-se ao perispírito:

Pela natureza fluídica e expansiva do perispírito, o Espírito atinge o indivíduo sobre o qual quer agir, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza.(...) Como se vê, isto é inteiramente independente da faculdade mediúnica (...)

Estes últimos, sobretudo (os possessos do tempo de Cristo), apresentam notável analogia com os de Morzine.

Na mesma revista e no mesmo ano, selecionamos e pinçamos, para dimensionarmos a extensão daquela possessão coletiva: (10)

Os primeiros casos da epidemia de Morzine se declararam em março de 1857(...) e em 1861 atingiram o máximo de 120. (...)

(...) o caráter dominante destes momentos terríveis é o ódio a Deus e a tudo quanto a ele se refere.

1864

Ainda sobre a possessão da Sra. Júlia(12), refere-se Kardec na Rev. Espírita, (11):

No artigo anterior (1863) descrevemos a triste situação dessa moça e as circunstâncias que provavam uma verdadeira possessão.

O grau de intensidade das possessões e sua reatividade a tentativa de exorcização, vai bem descrita na Revista Espírita: (12)

“ Desde que o bispo pisou em terras de Morzine”, diz uma testemunha ocular, “sentindo que ele se aproximava, os possessos foram tomados de convulsões as mais violentas; e, (...) soltavam gritos e urros, que nada tinham de humano. (...)

As possessas, cerca de setenta, com um único rapaz, juravam, rugiam, saltavam em todos os sentidos. (...) A última resistiu a todos os esforços; vencido de fadiga e de emoção, ele (o bispo) teve que renunciar a lhe impor as mãos; saiu da igreja trêmulo, desequilibrado, as pernas cheias de contusões recebidas das possessas, enquanto estas se agitavam sob suas benções.” (...)

Encontramos no “Evangelho, Segundo o Espiritismo,(13) a seguinte referência sobre possessão e reforma íntima:

(...) para isenta-lo da obsessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsidiado trabalhe pela sua própria melhoria, o que as mais das vezes basta para se livrar do obsessor, sem recorrer a terceiros. O auxílio destes se faz indispensável, quando a obsessão degenera em subjugação e em possessão, porque aí não raro o paciente perde a vontade e o livre arbítrio.
No mesmo livro, (14), há considerações sobre as causas da possessão:

O Espírito mau, espera que o outro, a quem ele quer mal, esteja preso ao seu corpo e assim, menos livre, para mais facilmente o atormentar, ferir nos seus interesses, ou nas suas mais caras afeições.

Nesse fato reside a causa da maioria dos casos de obsessão, sobretudo dos que apresentam certa gravidade, quais os de subjugação e possessão.

1867

Ainda na Revista Espírita, (15) encontramos informações de como é esta perda do livre arbítrio e como impedi-la:

Objetar-me-eis, talvez, que nos casos de obsessão, de possessão, o aniquilamento do livre arbítrio parece ser completo. Haveria muito a dizer sobre esta questão porque a ação aniquiladora se faz mais sobre as forças vitais materiais do que sobre o Espírito, que pode achar-se paralisado, dominado e impotente para resistir, mas cujo pensamento jamais é aniquilado, como foi possível constatar em muitas ocasiões.(...)

Procedeis em relação aos Espíritos obsessores ou inferiores que desejais moralizar (...)algumas vezes conscientemente, quando estabeleceis, em torno deles uma toalha fluídica, que eles não podem penetrar sem vossa permissão, e agis sobre eles pela força moral, que não é outra coisa senão uma ação magnética quintessenciada.

1868

Na “A Gênese”, (16) Kardec disserta sobre domicílio Espiritual, típico caso de coabitação, ou como agora quer Hermínio Miranda, “condomínio espiritual, com síndico e convenção.”

Na possessão, em vez de agir exteriormente, o Espírito atuante se substitui, por assim dizer, ao Espírito encarnado, tomando-lhe o corpo por domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado por seu dono, pois que isso só se pode dar pela morte. A possessão, conseguintemente, é sempre temporária e intermitente, porque um Espírito desencarnado não pode tomar definitivamente o lugar de um encarnado, pela razão que a união molecular do perispírito e do corpo só se pode operar no momento da concepção.

De posse momentânea do corpo do encarnado, o Espírito serve-se dele como se seu próprio fora: fala pela sua boca, vê pelos seus olhos, opera com seus braços conforme o faria se estivesse vivo. Não é como na mediunidade falante, em que o Espírito encarnado fala transmitindo pensamento de um desencarnado; no caso da possessão é mesmo o último que fala e obra (...)
Na obsessão há sempre um Espírito malfeitor. Na possessão pode tratar-se de um Espírito bom que queira falar e que, para causar maior impressão nos ouvintes, toma do corpo de um encarnado, que voluntariamente lho empresta, como emprestaria seu fato a outro encarnado.

Quando é mau o Espírito possessor, (...) ele não toma moderadamente o corpo do encarnado, arrebata-o (...)

Seguindo ainda, no mesmo livro:

Parece que ao tempo de Jesus, eram em grande número, na Judéia, os obsidiados e os possessos (...) Sem dúvida, os Espíritos maus haviam invadido aquele país e causado uma epidemia de possessões. (17)

Com as curas, as libertações do possessos figuram entre os mais numerosos atos de Jesus.(...) “Se eu expulso os demônios pelo Espírito de Deus, é que o reino de Deus veio até vós.” (S. Mateus, cap. XII, 22 e 23) (18)

Deduzimos com base no exposto que, para que exista possessão, é preciso que o Espírito obsessor identifique-se com o Espírito encarnado; aquele, atinge o indivíduo sobre o qual quer agir, rodeia-o, envolve-o, penetra-o e o magnetiza; o aniquilamento do livre arbítrio, parece ser completo, porque a ação aniquiladora se faz mais sobre as forças vitais materiais do que sobre o Espírito, que pode achar-se paralisado, dominado e impotente para resistir, mas cujo pensamento jamais é aniquilado, pois o encarnado é que atua conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido e portanto aquela dominação não se efetua nunca sem que aquele que a sofre o consinta, quer por sua fraqueza, quer por deseja-la; em vez de agir exteriormente ao Espírito encarnado, toma-lhe o corpo por domicílio, sem que este, no entanto, seja abandonado por seu dono, pois isso só se pode dar pela morte, por isso, a possessão é sempre momentânea, temporária e intermitente. Para se libertar da possessão, é preciso fortificar a alma, pelo que necessário se torna que o obsediado trabalhe para sua própria melhoria, estabelecendo em torno de si, uma toalha fluídica, que eles não possam penetrar sem sua permissão, agindo sobre eles pela força moral, por uma ação magnética quintessenciada. Na possessão isto só é possível, com a ajuda indispensável de terceiros.

Portanto, respondendo às indagações iniciais deste trabalho, podemos dizer que Kardec, analisou todas as facetas e prismas da possessão e concluiu que; existe possessão e também coabitação.

Uma obra, como a da Codificação Espírita, é indivisível e portanto deve ser analisada como um todo, jamais devendo ser fragmentada ou dividida, na análise de seu conteúdo; existem vários temas, nas obras básicas (O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo O Espiritismo, A Gênese, O Céu e o Inferno) e na Revista Espírita, em que as verdades foram estudadas à luz dos conhecimentos adquiridos no dia a dia e suas opiniões, às vezes alteradas, sem que correspondessem a uma mudança de idéia, mas sim, a uma evolução de verdade em verdade, degrau a degrau na escada ascensional do conhecimento, como convém a um cientista sábio, astuto, inteligente, honesto e antes de tudo, humilde, coisa rara, aliás.

A fé raciocinada sobre a égide desta humildade, aconselhada e praticada pelo mestre lionês, levou-o na busca incessante da verdade, que sempre caracterizou suas ações, a correta elucidação conceptual de possessão, incitando-nos também a libertarmo-nos de duas outras; a dos dogmas e a do fanatismo.

Tenhamos igual têmpera e nos deixemos contaminar pela sua lição e pelo seu exemplo; a lição inclina, o exemplo arrasta.

BIBLIOGRAFIA

(1) KARDEC, Allan . O Livro dos Espíritos, ed. 
FEB, 1987, perg. 473, pg. 250.(2) Revista Espírita , 1858, pg. 278.
(3) KARDEC, Allan . 
O Livro dos Médiuns, ed. FEB, 1982 , item 240, pg. 300.(4) Revista Espírita, 1862, pg. 109.
(5) Idem , 1862, pg. 359
(6) Idem , 1863, pg. 373.
(7) KARDEC, Allan . Obsessão, ed. “O Clarim”, 1993, pg. 225.
(8) Idem , pg. 229.
(9) Revista Espírita, 1863 pg. 01.
(10) Idem, 1863, pg. 103.
(11) Idem, 1864, pg. 11.
(12) Idem, 1864, pg.225.
(13) KARDEC, Allan . 
O Evangelho Segundo o Espiritismo, ed. FEB, 1995, pg. 432.
(14) Idem, pg. 171.
(15) Revista Espírita, 1867, pg. 192.
(16) KARDEC, Allan . 
A Gênese, ed. FEB, 1980, pg. 306.
(17) Idem, pg. 330.
(18) Idem, pg. 329.

___________________

Fernando A. Moreira

(Artigo originalmente publicado pela Casa Editora O Clarim na edição de setembro de 2001 da Revista Internacional de Espiritismo e reproduzido com autorização do autor)

Tradução para o Inglês: Luiz Carlos Costa



The Possession, According to Kardec

"It is important that every thing will come in time. The truth is like light; 
man needs to get used to it little by little, otherwise gets blown away. 
(Allan Kardec) 
 
There is possessed? There is the possibility of two spirits came together in the same body? 
The dip in chronological works of Spiritism, takes us to his crib, "The Spirits' Book": (1) 

1857 
Can a Spirit-Perg.473 temporarily take the body shell of a living person, ie to introduce ourselves in a lively body and acting in the place of others who think incarnated in this body? 

The Spirit does not enter into a body like enter in a house. Identifies itself with Spirit incarnate, whose faults and virtues are the same as yours, so obrar jointly with him. But the red is always who acts as either, for the matter of who thinks coated. A spirit can not replace what is incarnated, so this will have to stay connected to your body to the deadline set for their material existence. 

Kardec, draws conclusions, prepares and formulates the following question, and the Spirits respond: (1) 

Parchment. 474_ Since no actual possession, ie cohabitation of two spirits in the same body, the soul can be dependent of another Spirit, so if you feel overwhelmed or obsidiada the point of his will come to find himself in some way, paralyzed? 

No doubt these are the true and possessed. But it is necessary that ye may know that name is never performs without the sufferer is in agreement that by its weakness, or because you want it. Many epileptic or insane, most in need of medical exorcisms that have been taken by the possessed. 

The spirits there, make a clear distinction between true and false possessed. 

The true are subdued to the point of his will come to find himself in a way, paralyzed; false are those who do not correspond to the cases of obsession, requiring medical treatment. 

Kardec comments yet, after the response of the Spirits: 

The term possessed should only accept as expressing absolute dependence on a soul can find to subdue the imperfect spirits. 
 
1858 
 
If there was any doubt about the opinion of the Encoder until that moment, he undoes the text of the Spiritist Magazine, which he directed: (2) 

Formerly gave the name of the empire exercised possession by evil spirits, when his influence went to the aberration of the faculties. But ignorance and prejudice often taken as a possession, what was merely a pathological state. For us, the possession would be synonymous with subjugation. We have not adopted this term (...) because it also implies the idea of ​​taking possession of the body by the Spirit stranger, a kind of cohabitation whereas there is only one connection. The term subjugation of a perfect idea. So, for us, no possessed, in the ordinary sense of the word; There are simply obsessed, fascinated and subdued. 

Is quite clear that, for him, until now, there was possession. 
 
1861 

The above is similar to that recorded in "The Mediums' Book" (3), with a significant difference in the paragraph, which is the exchange of the word "link" for "embarrassment".
 
1862 

Briefly, we have the impression that they would be answered, the questions raised in the initial, but, despite these considerations, the term reappears in possession Spiritist Magazine: (4) 

Everyone knows that when Christ, our beloved master, incarnated in Judea, in the guise of the carpenter Jesus, that region had been invaded by legions of evil spirits who, by possession, as today, took possession of the most ignorant social classes , by incarnate Spirits weaker and less advanced (...) we must remember that scientists, doctors of Augusto century treated as the Hippocratic processes, the unfortunate possessed of Palestine and that all his science bumped against this unknown power . (Erastus) 

In the same journal in the same year, (5) Kardec, in "Studies on Possessed of Morzine," adds the following consideration: 

The paroxysm is generally called the subjugation of possession. 
 
1863 

The resumption of the term, had a reason, and Kardec is quite incisive in his opinion the Spiritist Magazine, about the same Possessed of Morzine, which certainly impressed and influenced the changing conceptualization of their possession, and earned twelve citations in Index Spiritist Magazine (1862, 63, 64, 65 and 68), and other studies in the same journal, for example, when analyzing "a Case of Possession." (6) (7) Consider this: 

We have said that there was possessed, in the ordinary sense of the word, but subdued. We return to this absolute assertion, because now we are demonstrated, which may be true possession, ie, substitution, since part of an errant spirit to incarnate. (...) Not only seeing the effect, and not going back to the question is why all obsessed, possessed and overwhelmed by crazy pass (...). Here is a first fact, the evidence and presents the phenomenon in all its simplicity. (...) 

(Mr. Charles) stated that, wanting to talk to his old friend, took advantage of the moment when the Spirit of Mrs. A. .., the sleepwalker, was away from the body, to take his place. (....). Here are some of their responses. 

- Have you have taken possession of the body of Sra.A. .. Could ye get it? 

- Do not; but will not miss me. 

-Why you can not? 

Because his Spirit is always connected to your body. Ah! If I could break this tie I would preach a piece. 

- What makes during this time the Ghost of Mrs. A. ... 

- Here by my side; looks at me and laughs, seeing me in his robes. 

Mr. Charles (...) was a little early as Spirit, but naturally good and benevolent. Seizing the body of Mrs. A. .. had no bad intention; so that Mrs. suffered nothing about the situation, which was paid willingly. 

Here possession is evident and even better emphasizes the details, it would be long to enumerate. But is an innocent and without adverse possession. 

On the same page, however, Kardec describes a case of possession of Mrs. Julia, now headed by an evil and malicious Spirit. 

There are about six months became prey to attacks of a strange character, who always ran the somnambulistic state, which, in a sense, become their normal state. Cheered up, rolled on the ground, as if debating, fighting with someone who wanted to strangle and, indeed, had all the symptoms of strangulation. 

Ended up winning that be fantastic, took him by the hair, knocked him to supapos with curses and insults, apostrophizing it incessantly with the name Fredegund infamous ruler, Queen shameless, vile creature and stained for all crimes, etc.. 

Trampled as acalcasse feet angrily, tearing off his clothes. Bizarre thing, taking Fredegund itself by giving itself redoubled blows on the arms, chest, face, saying: "Take! Takes! It is quite infamous Fredegund? Want to suffocate me, but not Can you; want to get into my box, but I will drive you. "My chest was the term that was used to designate the body. (...) 

A day to get rid of her opponent, took a knife and struck at herself but was rescued in time to avoid a crash. 

Here we see the struggle of two spirits by the same body. 

This Spirit, Fredegund was subsequently evoked in séance and converted to good. (8) 

But back to Possessed of Morzine, (9) says Kardec referring to perisprit: 

The fluid and expansive nature of perisprit, the Spirit reaches the individual on which you want to act, surrounds it, wrap it, penetrates it and magnetize. (...) As you see, it is entirely independent of mediumistic faculty (...) 

The latter, especially (those possessed of the time of Christ), exhibit striking analogy with the Morzine. 

In the same journal in the same year, select and clamped to dimensionarmos the extension of collective possession: (10) 

The first cases of the Morzine epidemic declared in March 1857 (...) and in 1861 reached a maximum of 120. (...) 

(...) The dominant character of these terrible times is the hatred of God and all that refers to it. 
 
1864 

Still on the possession of Mrs. Julia (12), refers to the Rev. Kardec Spiritist, (11): 

In the previous article (1863) described the plight of this girl and the circumstances that proved a real possession. 

The degree of intensity of possessions and their reactivity to attempted exorcism, is well described in Spiritist Magazine: (12) 

"Since the bishop stepped on land Morzine," says an eyewitness, "feeling he approached, the possessed were taken from the most violent convulsions; and, (...) let out screams and roars, which had nothing human. (...) 

The possessed, about seventy, with a single guy, swore, roared, leaping in all directions. (...) The last resisted all efforts; overpowered by fatigue and emotion, he (the bishop) had to resign to impose hands on him; left the shaky, unbalanced church, the floods of bruises received from possessed legs as they fluttered beneath their blessings. "(...) 

We found the "Gospel According to Spiritism, (13) the following reference on possession and inner reform: 

(...) To free it from obsession, it is necessary to fortify the soul, so it is necessary for the obsessed work for their own betterment, which more often than not just to get rid of obsessing, without resorting to a third party. The aid of these is indispensable when the obsession degenerates into subjugation and possession, because then the patient often loses the will and free choice. 
In the same book, (14), there are considerations on the causes of Possession: 

The evil spirit, waiting for the other, whom he wants badly, is attached to his body and thus less free to more easily harass, injure its interests, or its more expensive affections. 

In this fact lies the cause of most cases of obsession, especially those who have some gravity, which of subjugation and possession. 
 
1867 

Still in Spiritist Magazine, (15) we find information how this loss of free will and how to prevent it: 

Objected unto me, perhaps, that in cases of obsession, possession, the annihilation of free will seems to be complete. Much could be said on this issue because the annihilating action is more about the materials vital forces than on the Spirit, who may find himself paralyzed, overwhelmed and powerless to resist, but whose thinking is never annihilated, as it was established in many occasions. (...) 

Procedeis regarding obsessive desire to moralize or lower spirits (...) sometimes consciously, when estabeleceis in a fluidic towel around them, they can not enter without your permission, and you act on them by moral force, which is not anything other than a quintessential magnetic action. 
 
1868 

In "Genesis", (16) Kardec talks about Spiritual household, typical case of cohabitation, or as now wants Herminio Miranda, "spiritual condo with liquidator and convention." 

In possession, rather than acting outwardly, the Spirit replaces acting, so to speak, the incarnate spirit, taking his body home for without this, however, is abandoned by his owner because it can only to the death. Possession, Consequently, it is always temporary and intermittent, because a foreign spirit can definitely not take the place of an embodied, for the reason that the union of molecular perisprit and body can only operate at conception. 

Momentary possession of the body of the incarnate, the Spirit makes use of it as their own off: talking with his mouth, sees through his eyes, flies with his arms as he would if he were alive. It's not like the speaker mediumship, where the incarnate Spirit speaks transmitting thought of a disembodied; in the case of possession is the final piece that talks and (...) 
In obsession there is always a malefactor Spirit. In possession can treat yourself to a good spirit who wants to talk and to cause greater impression on listeners, taking the body of an incarnate, who willingly lends LHO as lend his suit to another incarnate. 

When the Evil Spirit possessor, (...) it does not take the body of moderately red, snatches it (...) 

Still following in the same book: 

It seems that the time of Jesus, were many in Judea, the obsessed and possessed (...) No doubt the evil spirits had invaded that country and caused an epidemic of possessions. (17) 

With cures, releases the possessed among the most numerous acts of Jesus. (...) "If I cast out demons by the Spirit of God, is the kingdom of God come upon you." (Matthew, chapter . XII, 22 and 23) (18) 

Deduce based on the foregoing that, for there to possession, we need to identify the Spirit obsessing with the incarnate Spirit; that reaches the person over whom wants to act, surrounds it, wrap it, penetrates it and magnetize; the annihilation of free will, seems to be complete, because the annihilating action is more about the materials vital forces than on the Spirit, who may find himself paralyzed, overwhelmed and powerless to resist, but whose thinking is never annihilated, because the incarnate is acting as either, for the matter of that coated and therefore think that domination is never performs without one who suffers consents, either by weakness or by want it; instead of acting outside the incarnate spirit, take his body home for without this, however, is abandoned by his owner as this one can only give the death, so possession is always momentary, temporary and intermittent. To break free of the possession, it is necessary to fortify the soul, so it is necessary for the obsessed work for his own improvement, establishing around himself, a fluidic towel, they can not enter without your permission, acting on them by force moral, a quintessential magnetic action. In possession that is only possible with the indispensable help of others. 

So, answering the initial questions of this study, we can say that Kardec, examined all facets and prisms of possession and concluded that; possession also exists and cohabitation. 

A work such as the Spiritist Codification, is indivisible and must therefore be analyzed as a whole and should never be fragmented or divided in the analysis of their content; There are various topics in masterpieces (The Spirits 'Book, The Mediums' Book, The Gospel According to Spiritism, Genesis, Heaven and Hell) and the Spiritist Magazine, in which truths were studied in the light of the knowledge acquired in day by day and their opinions, sometimes changed without that corresponded to a change of mind, but rather an evolution from truth to truth, step by step in the ascension ladder of knowledge, as befits a wise scientist, cunning, clever , honest and above all, humble, a rare thing indeed. 

A reasoned faith under the aegis of this humility, advised and practiced by Lyonnese master, took him in relentless pursuit of truth, which always characterized his actions, the correct conceptual elucidation of possession, also urging us to free ourselves from the other two; the dogmas and fanaticism. 

Have equal temper and leave contaminated by their lesson and by example; the lesson tilt, drag the sample. 

BIBLIOGRAPHY 

(1) Kardec, Allan. The Spirits' Book, ed. FEB 1987 Parchment. 473, pg. 250. 
(2) Spiritist Magazine, 1858, pg. 278. 
(3) Kardec, Allan. The Mediums' Book, ed. FEB, 1982, item 240, pg. 300. 
(4) Spiritist Magazine, 1862, pg. 109. 
(5) Idem, 1862, pg. 359 
(6) Idem, 1863, pg. 373. 
(7) Kardec, Allan. Obsession, ed. "The Bugle", 1993, pg. 225. 
(8) Ibid, pg. 229. 
(9) Spiritist Magazine, 1863 pg. 01. 
(10) Idem, 1863, pg. 103. 
(11) Idem, 1864, pg. 11. 
(12) Idem, 1864, pg.225. 
(13) Kardec, Allan. The Gospel According to Spiritism, ed. FEB 1995, pg. 432. 
(14) Ibid, pg. 171. 
(15) Spiritist Magazine, 1867, pg. 192. 
(16) Kardec, Allan. Genesis, ed. FEB, 1980, pg. 306. 
(17) Ibid, pg. 330. 
(18) Ibid, pg. 329. 
___________________ 

Fernando A. Moreira 
 
(Article originally published by The Bugle Publishing House in September 2001 edition of the International Journal of Spiritualism and reprinted by permission of the author) 

Translation into English: Luiz Carlos Costa

Nenhum comentário:

Postar um comentário